Resenha: A Dama do Peixoto
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A Dama do Peixoto é um curta metragem de 2011 produzido por Allan Ribeiro e Douglas Soares. O curta retrata a história de Elizete, uma exótica mulher que frequenta a praça do bairro Peixoto quase todos os dias e desperta curiosidade em vários moradores do mesmo. Por meio do depoimento deles (narrações em voice over) é que conhecemos a personagem, que quase não se revela fisicamente aos nossos olhos, mas no entanto vai sendo construída em nosso imaginário a partir das impressões e curiosidades das pessoas que a observam e que tentam descrever a seu modo o perfil da mulher, baseando-se em características físicas ou comportamentais, mas que também não necessariamente retratam fielmente a realidade da personagem. Com quase todos os planos de câmera parada, focalizando em partes da praça ou das pessoas, concretiza-se a impressão de que a personagem é parte integral daquele cenário e até mesmo do cotidiano dos moradores, assim como um deles relata que ela já é uma figura importante da história do bairro.
Ao observarmos o modo que foi escolhido para que a personagem nos fosse revelada, podemos traçar um paralelo com o texto de Ismaill Xavier, “Cinema: revelação e engano”. Para Xavier, a sucessão de imagens criada pela montagem produz relações novas a todo instante e sempre somos levados a estabelecer ligações propriamente não existentes na tela. Ao observarmos os planos de câmera parada e a narração em voice over, imediatamente passamos a combinar em nosso imaginário a descrição que nos oferecem juntamente com o cenário que nos é mostrado. A combinação de imagens cria significados em cada uma isoladamente, levando-nos a contextualiza-las da melhor forma que encontramos. A montagem sugere e nós deduzimos.
Ainda, devido ao caráter realista do curta, podemos associar o filme ao texto de Vera Lúcia Follain de Figueiredo, “Realismo e ilusão: a cruzada contra o artifício”, em que ela discute sobre a crise da ficção, afirmando que hoje em dia devido aos avanços tecnológicos