RESENHA – A CONSAGRAÇÃO DO MONUMENTO HISTÓRICO (Françoise Choay)

RESENHA – A CONSAGRAÇÃO DO MONUMENTO HISTÓRICO (Françoise Choay)
CHOAY, Françoise. A alegoria do Patrimônio. In: A consagração do monumento histórico. Tradução e Luciano Vieira Machado, 3ª edição. São Paulo: Estação Liberdade, 2006.

Neste capítulo de Alegoria do Patrimônio, Françoise Choay relata que Nordier é um dos primeiros a pressentir que o século XIX atribuirá uma nova importância às antiguidades. Assim a autora afirma que o monumento histórico entra em fase de consagração (data como 1820) e seu término é marcado pela data da redação da Carta de Veneza, em 1964. Tal período engloba contribuições para teorias e práticas de conservação, com descobertas das ciências físicas e químicas, progressos da história da arte. Mas a autora destaca que não foram somente contribuições, as vanguardas do séc. XX de ideologia modernista, não viam valor em preservar, valorizar, o passado. Assim é citado no texto o Plan Voisin de Le Corbusier, que destruía a velha Paris, mostrando a busca pelo moderno, o novo. O monumento histórico adquire status com o advento da era industrial, como processo de transformação do meio ambiente, contribuindo para inversão da valorização dos monumentos históricos, e privilegiando valores estéticos. Assim, Choay conclui que a industrialização contribuiu para generalizar e acelerar o crescimento de leis visando a proteção do monumento histórico, marcando a década de 1820 como a consagração deste. Decorrendo disso, em 1850 a consagração do monumento histórico se dá através do texto de Guizot, o Rapport, e do panfleto de John Ruskin sobre “A abertura do Palácio de Cristal e suas relações com o futuro da arte”. A virada do século é marcada por um questionamento dos valores e das práticas do monumento. A autora se preocupa em destacar a necessária divisão entre o campo cognitivo e artístico do monumento histórico, salientando a distinção operada no renascimento entre valor informativo (razão historiadora) e valor hedônico (sensibilidade