Resenha Vagas Estrelas da Ursa Maior
Ao lado de Suso Cecchi d’Amico e Enrico Medioli o diretor opta pela filmagem em preto e branco e pelo uso de recursos cênicos e técnicas de filmagem capazes de garantir do início ao fim do filme uma narrativa ambígua (que se constrói muito mais através de informações não expressas do que pelo que é dito ao longo dos diálogos). O espectador, por sua vez, é levado em um mergulho lento e irreversível a um passado de névoas e de culpa.
Em um cenário de festa e descontração, logo no começo da trama a música de Cezar Frank tocada ao piano, Prelúdio Coral e Fuga (recorrente durante todo o filme), sensibiliza a protagonista dando início a uma volta física e também psíquica ao passado, às suas tensões e às terras onde nasceu. Seu marido, um típico americano desconexo de sua vida em Volterra, a acompanha e o que se segue são planos longos da viagem, onde a câmera registra com lentidão estradas, paisagens e ruínas em um deslocamento que além de geográfico evoca uma trajetória no tempo.
Já na casa da família, a cena em que os irmãos se encontram pela primeira vez é marcada pelo jogo de sombras e reflexos que conferem significado às imagens em questão. Susto e surpresa, surpresa e nervosismo, nervosismo e alegria, alegria e amor, amor e medo. O que se percebe através dos olhares dos personagens e da interpretação dos atores vai além das palavras trocadas no reencontro. O cenário escolhido pelo diretor não poderia estar mais fechado com o cerne da questão: próximo à estátua em