RESENHA UNIP
Clarice Lispector A autora Clarice Lispector faz parte da "geração de 45", um novo estilo literário dentro ainda da proposta moderna iniciada no Brasil na década de vinte, uma literatura que vai trabalhar o ser interior, suas ideias mais íntimas, seu universo psicológico. Clarice está imersa nessa literatura como parte fundamental, seus romances e contos deslocamos leitor para o mundo interior de suas personagens. Em primeira instância está o pensamento, a realidade exterior é apenas o pano de fundo nos textos da autora, ela usa fatos cotidianos que dentroda narrativa não tem um significado maior, o interesse está nas sensações da personagem diante deles. “A hora da estrela" é um de seus romances de grande destaque, onde nos apresenta um jornalista-escritor que vai discutir a existência inconsciente através de uma nordestina que vive na cidade do Rio e Janeiro, ela é na verdade, dentro do livro, um objeto de análise criado pelo jornalista. Ele personifica nela todas as vidas que deixam de ser vividas, todas as existências que não passam de sombras no mundo. A personagem tem prazeres tolos, substanciais e sem a menor importância, exatamente como a vida que leva, cheia de privações injustificáveis e sem o menor dos sentidos. O personagem escritor sofre e sente por seu objeto de análise, tão sem vida, sem ambições de existir, ele ama a criatura com ternura e amargura, é terno com a inconsciência e amargo com a ignorância da nordestina, pois acredita que ela não "é" por não saber que pode "ser". Ele dá vida própria à moça, como se tentasse fazê-la mudar seus rumos, sua história tão insignificante, mas ela, ainda que ele queira, não consegue ser o que desconhece. O escritor não pode interferir no existir de sua personagem, ele relata os fatos daquele mundo singelo em cores somente preta e branca. Ele entra nesse mundo com alma, e nele reflete sobre si mesmo, sua existência, suas fraquezas e seus defeitos. Percebe como cada um de nós é indiferente