Liquidação da filosofia
É colocado em questão se é possível relacionar filosofia e economia, de acordo com o desenvolvimento espiritual de Marx em "O Capital", mediante uma investigação de sua lógica interna. Kosik pondera que a formulação dessa lógica interna deve ser o resultado do exame crítico do material empírico que constitui ponto de partida e meta da investigação. Ele prossegue, analisando que o significado e a problemática da obra de Marx se manifestam na integração da atmosfera espiritual na realidade histórica-social.
Kosik ainda propõe-nos a dúvida: se no processo amadurecimento intelectual de Marx ocorre uma modificação na relação entre filosofia e economia. É posto o princípio de que a obra do jovem Marx ("Manuscritos") resultaria na compreensão da obra do Marx maduro, porém, segundo Kosik, esse princípio equivale a uma ausência de senso crítico (sepultura da ciência e da interpretação científica), pois, para a compreensão de "O Capital " são necessários meios conceituais específicos, sem os quais esconde-se a sua verdade oculta.
É apresentado ao leitor de "Dialética do Concreto" modelos fundamentais de dinâmica do desenvolvimento espiritual para compreender-mos a obra de Marx:
1. Modelo do desenvolvimento empírico-evolutivo, na qual a concepção de mundo se enriquece, se liberta e substitui elementos;
2. Modelo do desenvolvimento crítico-evolutivo, em que uma concepção de mundo é negada e substituída por outra;
3. Modelo do desenvolvimento concretizante em sentido integral, na qual é criada uma rica concepção do mundo, cuja problemática será sempre desenvolvida pelo estudo e pela práxis;
As diversas tendências filosóficas fundamentais são apenas modificações desta problemática fundamental e de sua solução em cada etapa evolutiva da humanidade. A filosofia é uma atividade humana indispensável, visto que a essência da coisa, a estrutura da realidade, a ‘coisa mesma’, o ser da coisa, não se manifesta direta e imediatamente