Resenha uma verdade inconveniente
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Resenhas
Uma verdade inconveniente [pic]Documentário protagonizado por ex-vice-presidente dos EUA se agarra a clichês e pouco acrescenta ao debate sobre aquecimento global Por Susana Dias [pic] Aquecimento global. Diante desse problema que perturba, incomoda, preocupa, entrar no cinema para assistir Uma verdade inconveniente, do diretor Davis Guggenheim, gera expectativas de que o filme contribua para ampliar a questão, multiplicar suas nuances e produzir novas percepções e sensibilidades. Mas as opções de Uma verdade inconveniente pouco contribuem nessa direção. Um filme-palestra repleto de clichês, tais como a idéia de que o aquecimento global é um problema moral e não político; a apresentação da ciência como conhecimento superior a outras formas de conhecimento, que nos oferecerá sempre as alternativas certas; o mito da natureza intocada; e a noção de consenso sobre o problema. Ao repetir esses chavões, que há mais de dez anos povoam as discussões ambientais sem acrescentar muito, aproveita pouco do que a arte do cinema possibilita. O filme provocou reações de cientistas, que o consideram pouco confiável e alarmante; de cineastas, especialmente documentaristas, que o avaliaram como pobre para se pensar nas relações entre realidade-ficção-verdade, além de ficarem indignados com o Oscar da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood que o documentário recebeu; e ambientalistas, que atacaram a visão reducionista que o filme apresenta da complexidade sociopolítica da questão. Mas se pensarmos que qualquer obra não é o que diz, mostra, pensa, mas o que dela dizemos, mostramos, pensamos, o filme se apresenta como mais uma rica oportunidade de trazer à tona inúmeras questões que têm sido exploradas pelas ciências humanas sobre o tema. O filme parece dizer mais