A Polícia Militar (PM) foi criada em 1970 para combater os movimentos guerrilheiros. Mesmo depois de vencida a guerrilha, quatro anos depois, a PM continuou existindo e passou a fazer o patrulhamento das cidades. Em São Paulo existe uma divisão da PM conhecida como Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar). Em tese, a Rota é um batalhão de elite encarregado de missões especiais e arriscadas, mas, na prática, a verdade é outra. A Rota não passa de um sanguinário batalhão de extermínio de gente pobre. Depois de dois anos de pesquisas, Caco Barcellos criou um Banco de Dados para estabelecer o perfil da vítima padrão da Rota. Sua pesquisa se baseou principalmente no Diário Oficial do IML (Instituto Médico Legal)e nos registros de vítimas de crimes cometidos pela Polícia Militar no Jornal Notícias Populares. Depois de analisar 3.523 casos de assassinatos praticados pela PM, ele chegou ao seguinte perfil: jovem, pobre, pardo, morador da periferia, em torno dos 20 anos, trabalhador de baixa remuneração. O caso Rota 66 é o único que foge desse padrão. Nesse caso, três jovens brancos e moradores do Jardins, um dos bairros mais abastados da capital paulista, foram perseguidos e executados pelos PM’s. Os policiais desconfiaram que o carro que eles dirigiam era roubado – como se isso justificasse a execução – e os perseguiram até encurralá-los na rua Buenos Aires, onde os executaram com rajadas de metralhadora. O acontecimento inusitado chamou atenção da letárgica e parcial imprensa brasileira, que fabricou mais de 200 notícias sobre o ocorrido. A atuação da imprensa é algo a ser ressaltado quando se trata de crimes cometidos pela polícia. Ela não demonstra muito interesse pelo assassinato de pessoas pobres. Quando muito, se limita a reproduzir a versão oficial, isto é, a versão parcial contada pelos policiais. Em alguns casos, chegam até mesmo a distorcer os fatos, acusando de bandido perigoso pessoas que nunca se envolveram em crimes e não tiveram uma sequer passagem pela