Teatros do corpo – A matriz do psicossoma A autora descreve o movimento de formação psíquica do bebê explicando que a vida começa com uma experiência de fusão, com a fantasia de que existe apenas um corpo, uma unidade. O lactente necessita estabelecer relação com a mãe que proporcione de maneira suficiente a proteção contra estímulos externos de que necessita. Desta forma, é indispensável que ela seja capaz de perceber as necessidades do bebê, bem como decodificar as comunicações iniciais que ele estabelece. De fato, se a mãe conseguir atender as demandas do bebê de modo satisfatório, possibilitará uma gradual introjeção do ambiente maternal, e a distinção entre o interno e externo poderá ocorrer. Porém, se a mãe não conseguir exercer sua função, protegendo seu filho do excesso traumático, a distinção entre o corpo materno e da criança permanece confusa. Neste caso, a condição de objeto total foi imposta a criança, acompanhada de uma autonomia precoce, que leva ao sentimento de insuficiência. Este fracasso no período fundamental do desenvolvimento do sujeito vai, inevitavelmente, comprometer a capacidade que a criança pequena tem de integrar e reconhecer como possessões pessoais não somente seu corpo e suas zonas erógenas, mas também sua mente, isto é, seus pensamentos e sentimentos. Esta é a uma maneira da criança poder lidar com suas dificuldades posteriores sem adoecer. Assim, alguns pacientes que estiveram expostos a vivências de trauma continuo nos primeiros meses de vida, usualmente atribuem suas dificuldades a fatores externos, já que não conseguiram realizar uma simbolização satisfatória deste material. Quando conseguem, não apresentam qualquer característica de angústia, sem que ela seja elaborada. Por conta disso, podem em um período posterior apresentar manifestações psicossomáticas, típicas da primeira infância. Algumas mães, diante de entraves internos, mantêm uma relação fusional com seu filho, mesmo depois