Resenha - Narradores de Javé

Narradores de Javé

Narradores de Javé é um filme de 2003 dirigido pela cineasta paulista Eliane Caffé e com roteiro escrito por ela com parceria de Luis Alberto de Abreu. O filme relata a história de uma cidade fictícia chamada Vale de Javé, que é contada por Zaqueu, um antigo morador da cidade, que narra à história da ameaça que assolava Javé de ser inundada para a construção de uma represa. A única chance que a cidade tinha de não ser inundada, era a materialização de algo histórico da cidade, pois se a mesma possuísse algum patrimônio histórico reconhecido, ela não poderia ser destruída para a construção da represa. Então foi sugerido que escrevessem a grande história do Vale de Javé, e essa função foi incumbida a Antonio Biá, um dos poucos alfabetizados da cidade. Antonio Biá teria que elaborar um dossiê com a história de Javé, para que fosse analisado, e como Paul Veyne descreve, o leitor crítico não enxerga apenas a história contada, mas percebe as lacunas no texto e a importância dada a cada fato pelo historiador, ou seja, Biá teria que se focar no método cientifico para que o dossiê fosse considero autentico. O primeiro discurso que é narrado a Biá, não o agrada, pois ele não acha muito cativante, então ele pensa em alterar os fatos, floreando os mesmos para que pareça mais interessante e heróico, sendo o completo oposto do pensamento de Veyne, pois para Veyne só a verdade importa, não lhe interessando se os fatos forem belos ou raros, a verdade é que realmente tem valor.
Os moradores de Javé contam diferentes versões de como eles chegaram naquelas terras e, cada um conta os eventos da forma que mais lhe afeta, seja por achar a versão mais interessante ou por ter algum detalhe de cunho pessoal. Marc Ferro em seu trabalho aborda algo semelhante, pois ele argumenta que a História tem várias fontes, e essas possuem discursos diferentes, que provém das formas, normas e necessidades.
Ao contarem essas histórias os moradores fazem algo que a Hanna