tempestade
TEMPESTADE
TEMPESTADE - Estrutura
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A Tempestade é um episódio naturalista, em que se entrelaçam os planos da viagem e dos deuses, a realidade e a fantasia.
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É o último dos grandes perigos que Vasco da Gama teve de ultrapassar antes de cumprir a sua missão, a chegada à Índia.
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Camões deve ter aproveitado a sua própria experiência de viajante e de náufrago para descrever de forma tão realista a natureza em fúria
(relâmpagos, raios, trovões, ventos, ondas alterosas) e, sobretudo, a aflição, os gritos, o temor e o “desacordo” dos marinheiros, incapazes de controlar a situação, devido à violência dos ventos.
“O saber de experiências feito”
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Mas, neste passo, assim prontos estando
Eis o mestre, que olhando os ares anda,
O apito toca; acordam despertando
Os marinheiros duma e doutra banda;
E porque o vento vinha refrescando,
Os traquetes das gáveas tomar manda:
"Alerta, disse, estai, que o vento cresce
Daquela nuvem negra que aparece."
A viagem da esquadra é rápida e próspera até que uma nuvem que escurece os ares surge sobre as cabeças dos navegantes.
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Não eram os traquetes bem tomados,
Quando dá a grande e súbita procela:
"Amaina, disse o mestre a grandes brados,
Amaina, disse, amaina a grande vela!"
Não esperam os ventos indinados
Que amainassem; mas juntos dando nela,
Em pedaços a fazem, com um ruído
Que o mundo pareceu ser destruído.
Medidas tomadas pelo mestre:
• manda recolher a grande vela.
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O céu fere com gritos nisto a gente,
Com súbito temor e desacordo,
Que, no romper da vela, a nau pendente
Toma grã suma d'água pelo bordo:
"Alija, disse o mestre rijamente,
Alija tudo ao mar; não falte acordo.
Vão outros dar à bomba, não cessando;
A bomba, que nos imos alagando!"
Vela do barco foi desfeita
• Gama manda alijar tudo ao mar e dar à bomba, pois a água entrou no barco.
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Correm logo os soldados animosos
A dar à bomba; e, tanto que chegaram,
Os