Resenha Narradores de Javé
Centro de Humanidades
Departamento de História
Disciplina: Lugares de Memória e o Ensino de História
Professora: Drª Ana Rita Fonteles
Exercício de Análise #1 – Filme: Narradores de Javé (Dir. Eliane Caffé – 2004)
A película de Eliane Caffé parece ter sido feita sob encomenda com o intuito de exemplificar, de modo prático e simples, as várias tipologias que a memória enquanto fonte histórica possui. Sem dúvida a diretora e o co-roteirista Luís Alberto de Abreu beberam muito das leituras que fazemos em sala de aula. O filme brinca com as narrativas colocando-as dentro das outras, fazendo, inclusive, deste modo, uma alusão sobre a forma como a memória se processa. São vários flashbacks dentro de um primeiro. Como endossa Carolina Alves em artigo sobre a produção: “[...] o filme apresenta narrativas dentro de narrativas, estruturadas em flashbacks, configurando um mise em abîme, ou seja, uma construção em abismo.”. Para dar início ao que o filme pode nos trazer podemos seguir a cronologia do mesmo. Javé é uma típica cidadezinha-fantasma no meio do nada, sem importância que, ao ver-se ameaçada de destruição por parte do progresso representado pela construção de uma hidrelétrica, busca a evocação de seu patrimônio histórico-cultural como salvação. Como diz Zaqueu (Personagem de Nelson Xavier) “O que Javé tem de valor são as histórias das origens, dos guerreiros...”, me remetendo mais especificamente a uma noção histórica um pouco retrógrada, por assim dizer, que ainda se pauta no mito das origens, na história de guerra e dos grandes heróis como única digna da posteridade. Me remetendo, também, agora em visão mais panorâmica, a leitura de Joël Candau: “[...] essa febre patrimonial deixa perceber certa incapacidade em viver no tempo presente, responde a uma demanda social em direção ao passado ‘originada de um profundo mal estar ao presenteísmo quase orweliano de nossa sociedade’.”. Feitas todas as ressalvas, o trecho nos