Resenha: mais estranho que a ficção
Filme: Mais estranho que a ficção
O roteiro original do estreante Zack Helm, com a direção de Marc Foster (A última ceia), fala sobre Karen Eiffel (Emma Thompson), uma escritora, tabagista compulsiva, que tem por estilo “matar” os protagonistas de suas obras, fazendo questão de testar experiências verdadeiras nas ruas para liberar sua imaginação. Porém, em seu livro mais recente e com prazo determinado para entrega, ela encontra dificuldades em imaginar a morte ideal para o personagem principal: Harold Crick (Will Ferrel), que, em um paradoxo ou obra do destino, faz parte também da vida real e assim como o personagem de Karen, é um homem obcecado por contagem de tempo dentre outras coisas, de forma sistematizada – uma alusão ao TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). O personagem da vida real é um auditor fiscal que passa a ouvir a voz de uma mulher (Karen), narrando os acontecimentos de sua vida rotineira. Ele procura especialistas (psicanalistas) que tratam o caso como esquizofrenia, até que ele encontra um especialista em literatura, o Professor Jules Hilbert (Dustin Hoffman), que passa a ajudá-lo em seu dilema. Em uma de suas auditorias, ele conhece a confeiteira Ana Pascal (Maggie Gyllenhaal), por quem se apaixona. Acontece algo inesperado e o relógio de Harold para de funcionar e, como mágica (na verdade o enredo de Karen), ele se transforma em um indivíduo mais leve e menos preocupado com o tempo. Ele continua ouvindo as narrativas de Karen e descobre que o enredo está levando-o à morte. Ocorrem então vários acontecimentos que levam a um consequente encontro entre o Harold da vida real e a escritora Karen, que descobre então estar escrevendo sobre o destino de um personagem real.
O longa mostra, de forma nítida, elementos do cotidiano que levam o indivíduo irremediavelmente ao dilema de toda a raça humana: a certeza da morte e a necessidade de sobreviver, mesmo sem saber o porquê, o preço a pagar e a qualquer custo, tudo isso elaborado e tratado