Resenha livro josé murilo de carvalho. cidadania no brasil. o longo caminho. 3ª ed. rio de janeiro: civilização brasileira, 2002.
Resenha Crítica
Autor: Márcio Welter
Data: 14/AGO/2012
Parto da conclusão de José Murilo de Carvalho que ao final de sua obra aflora a sensação desconfortável de incompletude. Os progressos são inegáveis, mas foram lentos e não esconderam o longo caminho que falta percorrer. Nem a democracia política resolveu os problemas da pobreza e da desigualdade no país. Uma das prováveis razões, apontadas por Carvalho, passa pela natureza do percurso da história brasileira. A lógica evolutiva social de Marshall fora invertida no Brasil. Pois, primeiro vieram os direitos sociais, implantados em período de supressão de direitos políticos e de redução dos direitos civis por um ditador popular, e após, de maneira bizarra, surgem os direitos políticos, voto, representação política de forma apenas decorativas do regime militar. Por fim, até hoje os direitos civis continuam inacessíveis à maioria da população e colocando a pirâmide dos direitos de cabeça para baixo, invertendo completamente a base da seqüência de Marshall. O livro está organizado por capítulos que cronologicamente evoluem a história nacional e por fim chegam ao período atual e evidencia claramente as vísceras dos monstruosos problemas sociais enfrentados pela sociedade brasileira.
Capítulo I: Primeiros passos (1822-1930)
Mesmo partindo e atendo-se ao Brasil independente, Carvalho sintetiza o período anterior, aonde, chegou-se ao fim do período colonial com a grande maioria da população excluída dos direitos civis e políticos e sem a existência de um sentido de nacionalidade e que posiciona o início dos desafios da nação embrionária. Em seu primeiro capítulo a obra de Carvalho percorre 108 anos da história do país, desde a independência, em 1822, até o final da Primeira República, em 1930. Fugindo da divisão costumeira da história