Formação politica no brasil
CARVALHO, José Murilo de.Cidadania no Brasil. O longo Caminho. 3ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
Capítulo III: Passo atrás, passo adiante (1964-1985)
Passo atrás: nova ditadura (1964-74).
O rápido aumento da participação política levou em 1964, como em 1937, a uma reação defensiva e à imposição de mais um regime ditatorial em que os direitos civis e políticos foram restringidos pela violência. A diferença foi a manutenção do funcionamento do Congresso e da realização de eleições no regime militar. Contudo, a repressão política dos governos militares foi mais extensa e mais violenta do que a do Estado Novo.
A ditadura alternou fase de repressão e abrandamento, sendo a fase de 1968 a 1974, a mais sombria da história do país, do ponto de vista dos direitos civis e políticos. Nova lei de segurança nacional foi introduzida, incluindo a pena de morte por fuzilamento. No início de 1970, foi introduzido a censura prévia em jornais, livros e outros meios de comunicação. “O período combinou a repressão política mais violenta já vista no país com índices também jamais vistos de crescimento econômico. Em contraste com as taxas de crescimento, o salário mínimo continuou a decrescer”. Foi a época em que se falou no milagre econômico brasileiro.
A rápida expansão da economia veio acompanhada de grandes transformações na demografia e na composição da oferta de empregos. Houve grande deslocamento de população do campo para as cidades. Houve ainda mudança nos tipos de emprego. A ocupação no setor primário caiu de 54% do total em 1960 para 30% em 1980. A ocupação no secundário cresceu de 13% para 24% no mesmo período e o terciário cresceu de 33% para 46%. Houve, sem dúvida, um crescimento rápido, mas ele beneficiou de maneira muito desigual os vários setores da população. A conseqüência foi que, ao final, as desigualdades tinham crescido ao invés de diminuir. Em resposta, grupos de esquerda começaram a agir na clandestinidade e adotar