Resenha Lincoln
É uma outra disputa que interessa o cineasta neste longa-metragem indicado a 12 Oscars sobre o décimo-sexto presidente dos EUA: a luta de Abraham Lincoln (Daniel Day-Lewis) pela votação da emenda constitucional que acabaria com a escravidão no país. A questão da abolição é um dos motivos da guerra civil, que opõe o Norte, comandado pela União, e os Confederados, os Estados separatistas do Sul cuja economia agrária depende dos milhares de negros escravos que seriam libertos pela nova lei.
Com base em Team of Rivals - livro que analisa o gabinete de governo do presidente, que Lincoln formou com seus ex-rivais de campanha - Spielberg e o roteirista Tony Kushner limitam a trama ao crucial ano de 1865, o quarto e último da guerra civil. Lincoln se vê num dilema: estender um pouco mais o conflito (a aprovação da abolição significaria o possível fim da guerra, o que botaria pressão na Câmara na hora da votação) ou encerrá-lo de vez e evitar mais morticínio (uma vez que os Confederados já procuram negociar uma rendição).
Esse dilema moral, que revela a força de estrategista político de Lincoln, sustenta o filme em seus 150 minutos de debates e negociações. Obviamente, o presidente não é o único defensor da abolição - bandeira que marcou a carreira de políticos como Thaddeus Stevens, vivido por Tommy Lee Jones - mas é Lincoln que responde pelas consequências, como a história deixou bastante claro no dia 15 de abril de 1865.
É evidente que, com essa premissa e nessas circunstâncias, a forma como Spielberg registra a atuação de Daniel Day-Lewis