Resenha Homens Livres
Maria Sylvia de Carvalho Franco, através da obra Homens Livres na Ordem Escravocrata, representou uma das correntes mais proeminentes de sua época. Classificado este livro no que convencionou-se como weberianismo brasileiro, nele, Maria Sylvia propunha avaliar as condições para que os interesses da sociedade determinassem os projetos do Estado Nacional em formação, no que diferenciava-se de autores como Raymundo Faoro, que atribuía determinada autonomia ao estamento burocrático, predominante sobre a sociedade.
A proposta teórica de Maria Sylvia Carvalho Franco inicia-se procurando negar a adequação de conceitos como sociedade estamental, autoridade tradicional e relação comunitária para a sociedade brasileira. Pois, acredita a autora que cada fenômeno é singular em sua gênese, podendo ser validado e observado através de práticas e representações legítimas e únicas. Assim, é através do trabalho empírico que procura validar os princípios de que fala, uma vez que analisa o que acredita ser a racionalidade eficiente do Estado Moderno de Weber, avaliada segundo a perspectiva das práticas e representações deste mesmo Estado, determinadas pelos interesses da sociedade.
Nesse sentido, a pesquisa de Maria Sylvia parte do estudo de processos-crimes, chegando às atas da Câmara da cidade (antes Vila) de Guaratinguetá que, em certa medida, davam conta do âmbito das mudanças sociais e produtivas na área do Vale do Paraíba (entre Rio de Janeiro e São Paulo) – foco principal de sua obra.
A autora inicia a obra conjugando a conduta, as condições pessoais e materiais do homem livre e pobre da região. Os laços de solidariedade e reciprocidade, tradicionalmente apontados como elementos chaves na articulação de relações comunitárias, assumem pequena relevância no estudo de Carvalho Franco. Segundo a autora, contrariamente a