Resenha filme "Anjo azul"
O filme Anjo Azul (1930) do diretor Josef von Sternberg traz a história de Immanuel Rath, um professor que de severo, autoritário e respeitado, passa à posição de palhaço ao se apaixonar por Lola, uma artista do cabaré Anjo Azul.
Podemos dizer que o filme está dividido em três partes: na primeira o professor é temido pelos alunos e ocupa uma posição de destaque na sociedade; a segunda parte compreende a visita do professor ao cabaré e o seu gradual encantamento por Lola, e a consequente perda de respeito que decorre na demissão de seu emprego. Aqui ocorre também o casamento entre Rath e Lola.
Na última parte o ex-professor vive com Lola viajando com a companhia dela e inclusive sendo sustentado por ela, seu casamento entra em decadência, ele começa a atuar como palhaço nos shows e por fim, quando tem que retornar à sua cidade natal e confrontar seus ex-pares, entra em desespero e colapso psicológico e morre.
O filme todo apresenta uma contradição, o professor e a dançarina são figuras completamente opostas, enquanto ele é inicialmente caracterizado como trabalhador, digno, abastado financeiramente, respeitado e intelectual, ela simboliza a “vida fácil”, indigna, duvidosa e moralmente precária.
Parece-nos que é por ignorar essa “contradição”, esse limite que supostamente deveria separar uma classe da outra (visto que esse tipo de união entre um professor e uma cantora de cabaré não era, e ainda não é, vista com bons olhos), que o professor é “punido” e perde seu status de homem respeitável.
Embora no início do filme a situação seja engraçada e a maneira como o professor age seja até cômica, (ele é tão rígido que chega a ser por vezes ridículo) à medida que a história progride ela vai perdendo esse tom e se torna dramática e trágica.
Esse drama no filme é preanunciado por espécies de “sinais”, tais como a morte do passarinho e a figura do palhaço, que aparecem no decorrer do longa e que avisam o que está por vir. No cabaré