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No centro da trama está Hypatia, que realmente viveu nessa época. Hypatia era uma mulher bonita que exercia um fascínio poderoso sobre os homens que a rodeavam. Mas Hypatia era muito mais que apenas uma mulher bonita. Era uma mulher bonita que pensava. Estudava astronomia, matemática, geometria e ensinava numa academia. Foi uma filósofa de prestígio no seu tempo, uma mulher verdadeiramente excepcional.
O filme é todo ele atravessado por contrastes. Um contraste profundo entre o fanatismo de uma religião em ascensão, que usava a violência para se afirmar politicamente, e a razão de uma mulher serena que pretendia celebrar o conhecimento e a união entre as pessoas.
Aquela mulher só almejava descobrir os mistérios do movimento dos astros. Como se deslocavam a Terra, o Sol, os planetas? O que estava realmente no centro do Universo? A Terra, como afirmava Ptolomeu? Ou seria o Sol, como ousara afirmar Aristarco?
Hypatia fazia cálculos mas nada parecia bater certo naquelas rotas em círculos perfeitos dos planetas em torno da estrela. A perfeição dos céus não fazia sentido. Até que, olhando para o seu Cone de Apolónio, descartou o círculo, a parábola e a hipérbole ao perceber que a forma imperfeita restante, a elipse, era a solução. E fez-se luz no espírito, em vésperas do nascimento da Idade das Trevas da Humanidade.
Outros contrastes encontram-se, por exemplo, nas cores diferentes que os membros das várias religiões envergam e que permitem um efeito visual excelente nas cenas de lutas entre cristãos e pagãos, cristãos e judeus, e que permitem ainda distinguir de entre os cristãos um grupo especialmente agressivo, os Parabalani, fundamentalistas da pior espécie, que na sua marcha imparável de barbárie movimentam o enredo do filme na direcção