Resenha: Educação Ambiental e Responsabilidade Social: transformação ou reprodução da realidade socioambiental?
KAPLAN, Leonardo; SERRÃO, Mônica Armond; LAMOSA, Rodrigo de Azevedo Cruz. Educação Ambiental e Responsabilidade Social: transformação ou reprodução da realidade socioambiental? Revista de Políticas Públicas, v. 16, 2013.
Este artigo busca demonstrar que a utilização de princípios e conceitos envolvendo Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável vêm sendo utilizados amplamente pelo discurso empresarial em projetos de Educação Ambiental promovendo a disseminação de uma agenda política denominada “Terceira Via”. O contexto político e econômico no qual foi construída essa agenda remonta aos anos de 1970, quando da crise do padrão de acumulação, que exigiu de frações das classes dominantes uma redefinição de estratégias políticas de governabilidade lançando a proposta de Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável. Visava defender como solução para problemas socioambientais como o Aquecimento Global, por exemplo, o empreendedorismo verde e, com isso, fortalecer sua hegemonia e legitimar a sociabilidade burguesa.
O projeto político da “Terceira Via” está sistematizado nas obras do sociólogo Anthony Giddens, que também ajudou a fundar o movimento do “Novo Trabalhismo “e da “Nova Esquerda” cujas origens localizam-se no interior do Partido Democrata dos Estados Unidos e no Partido Trabalhista da Inglaterra. Parte do princípio de que a “sociedade civil” como existiu no passado, assim como os conflitos entre as classes sociais que estruturaram o capitalismo em um determinado momento histórico, foram produtos de arranjos sociais que não existem atualmente.
Os conceitos de "responsabilidade social”, “voluntariado” e “colaboracionismo” substituíram conceitos como “classe social”, “conflito” e “exploração” passando a fazer parte da estratégia política de diversas empresas, afetando nos seguros de seus empreendimentos, na administração, em suas vendas e na relação com os consumidores. A “Terceira Via” chega ao Brasil e às frações