Resenha do texto “o redescobrimento do Brasil”
Cabe, de início, nos situarmos no contexto de ascensão varguista. Apesar de revolucionário, o golpe de 1930 tem em si um forte caráter conservador. Afinal, não quer estabelecer um sistema de mudança radical. O poder continua nas mãos das elites, mas não são as mesmas oligarquias de antes.Entre 1930 e 1934 não há constituição, tudo é feito através de interventores. Contudo, com a pressão da revolução constitucionalista de 1932 adia um pouco os ideias iniciais de Vargas. Com isso, Getúlio acaba por formular uma constituição, promulgada em 1934, extremamente moderna, aberta e democrática. Contudo, tais princípios não saem da teoria, de modo que na prática, o Estado Varguista se mostrará corporativista e intervencionista, o que pode ser exemplificado com a criação do Tribunal de Segurança Nacional, em 1936, cuja função era o julgamento de crimes políticos ligados à ANL. O projeto de 1930, só se consolidará em 1937, com a “Polaca”, instaurando-se um governo altamente controlador.
O Estado Novo legitima-se através do discurso da chamada “democracia social”, a qual se opõe à “democracia liberal”, vigente na Primeira República. Enquanto esta zelava pela liberdade individual e baseava-se no princípio de que todos eram iguais politicamente, aquela pregava que os indivíduos eram, por natureza, diferentes; porém, caberia ao Estado fornecer instrumentos, de modo a diminuir a disparidade social. O corporativismo era o sistema que legitimava essa democracia social. Afinal, havia uma divisão em diferentes classes (pregando assim, a hierarquia), mas todas elas estavam unidas a algo comum, ou seja, o Estado. O qual, por sua vez, era sintetizado na imagem do líder Getúlio Vargas, construindo um mito. A soberania não era atributo do povo, mas do chefe. O que realmente importava não era a representação política do cidadão, e sim a social, cujo principal meio se daria com o trabalho. O