RESENHA DO LIVRO “ MATRIZES DO PENSAMENTO PSICOLÓGICO”
“ MATRIZES DO PENSAMENTO PSICOLÓGICO”
DE
LUÍS CLÁUDIO MENDONÇA FIGUEIREDO
1
CAPÍTULO I
A CONSTITUIÇÃO DO ESPAÇO PSICOLÓGICO
EMERGÊNCIA E RUÍNA DO SUJEITO
Na Idade Moderna surge a redefinição das relações sujeito/objeto: A razão contemplativa cede lugar à “razão” e à ação instrumental. A partir de Francis Bacon, enfatiza-se o caráter operante das relações entre homem e mundo, o sujeito possui o status de senhor de direito da natureza, cabendo ao conhecimento transformá-lo em senhor de
“fato”. Descartes compartilha com Bacon a mudança, no sentido de um interesse utilitário.
O conhecimento científico subordinando-se à utilidade, à adaptação e ao controle, modelando-se a prática científica pela ação instrumental alcançou realce cada vez maior.
Com o passar do tempo, desdobrando-se a tradição utilitária, a aplicação prática do conhecimento, deixa de ser apenas condicionante externo e passa a justificar e motivar a pesquisa. A possível e desejável aplicação prática do conhecimento, ao motivar profundamente a pesquisa, faz com que ocorra a ruptura, de uma forma, na qual as teorias do conhecimento ainda manifestavam-se sob o modelo da razão contemplativa, que buscava os fundamentos absolutos do conhecimento, na razão (Descartes) e na experimentação (Bacon), para uma que fundamentava-se cada vez mais na instrumentabilidade do conhecimento, cujos procedimentos e técnicas definem-se nos termos de controle, cálculo e teste.
O “real” objeto desta ciência é o real tecnicamente manipulável, na forma do controle e na forma simbólica do cálculo e da previsão exata. A ciência e a produção tecnológica, por terem os mesmos projetos e meios empregados nas atuações produtivas, progridem juntas, amparando-se e incentivando-se mutuamente. Ambas encarnam um projeto único e visam o mesmo objeto, da mesma forma. Bacon afirma que o ser humano possui tendências inatas ou adquiridas que bloqueiam ou deformam a leitura objetiva da natureza; diz