Resenha do livro Preconceito Linguístico
A obra de Marcos Bagno aborda a língua portuguesa falada no Brasil e trata de um tema específico que dá título ao livro: o preconceito linguístico, que é a negação de determinadas formas de falar, geralmente dos excluídos sociais, por parte de uma elite culta que impõe seu modo de falar como o correto. E também reflete sobre os fundamentos por trás deste preconceito. O texto é atual e dirigido tanto para estudantes e professores, com a intenção de despertá-los para uma nova forma (livre de preconceitos que, como o autor demonstra, não se justificam) de ver e ensinar a língua, quanto para o grande público já que se trata de um assunto comum a todos escrito de forma leve e clara.
O autor apresenta – apresenta porque, segundo ele, há uma confusão entre os significados dos termos – em seu livro a idéia de que língua e gramática normativa são coisas diferentes. A esta definição está ligada toda a argumentação presente no livro, pois de acordo com Bagno em grande parte a não diferenciação entre gramática normativa e língua falada é responsável pela criação e manutenção do preconceito linguístico. Ao longo do livro o autor expõe e examina o que ele chama de mitos, afirmações enganosas a respeito da língua falada no Brasil aceitas como verdadeiras e muito difundidas. Em seguida indica como esses mitos são “transmitidos e perpetuados em nossa sociedade” (BAGNO, 2004, p.73). Por último trata da desconstrução do preconceito linguístico indicando maneiras e também expõe a oposição entre os linguistas e os conservadores adeptos da gramática tradicional.
Dentre os objetivos desta obra esta romper com a forma como o Português vem sendo ensinado nas escolas, acrescentando à disciplina aspectos necessários à formação de um indivíduo instruído da língua culta, aspectos esses que, ainda hoje, são secundários ao ensino de normas gramaticais. A língua ensinada nas escolas não é a língua falada