Resenha do livro Missão Transformadora - David Bosch
Tiago Abdalla Teixeira Neto
David Bosch introduz o livro mostrando a abrangência do termo missão na história da igreja e afirma sua presente crise que, necessariamente, não é algo negativo, mas normal à sua existência. Aponta razões para tal crise, entre elas a quebra da tradicional divisão entre territórios cristãos e não-cristãos, pois o ocidente considerado cristão se encontra cada vez mais secularizado e descristianizado. Com isso, também, começa-se a questionar a teologia e prática eclesial que era exportada do ocidente para os “campos de missão” de modo normativo.
Ainda na introdução, diante da quebra de paradigmas missionais, Bosch propõe algumas definições de missão: a fé cristã é intrinsecamente missionária diante do reinado de Deus em Cristo destinado a toda a humanidade; a missão é a expressão do relacionamento entre Deus e o mundo; não há diferença qualitativa entre missões no exterior e no próprio país; e não se pode divorciar a esfera espiritual de missões da material e social.
Ao entender a missão como a mãe da teologia, o autor mostra o NT (Novo Testamento) como um documento missionário. Enquanto no AT (Antigo Testamento), Deus se mostra missionário como Senhor da história e com Sua promessa escatológica de levar todas as nações a adorá-lo, Israel, além de não receber nenhuma ordem específica para cruzar fronteiras, anunciando a salvação, permanece insensível à sua eleição para ser bênção aos outros povos.
O Jesus conforme a narrativa cristã é considerado como o fundamento da Missão, nele o ato redentor do reino de Deus se manifesta. Em seu contexto do século I, Jesus choca o establishment religioso judaico com sua missão oniabrangente para todo o Israel, anunciando salvação tanto para “pecadores” quanto a fariseus, ricos e pobres, etc. Diante disso, a esperança de salvação aos gentios, ainda que não seja enfatizada, está latente nos evangelhos.
O reino de Deus