Resenha do filme A Onda
O filme A Onda, refilmagem alemã de 2008 de um média-metragem de 1981 com o mesmo nome, do diretor e roteirista Dennis Gansel, baseado na obra de Todd Strasser conta a história de um professor do ensino médio descolado, chamado Rainer Wenger, que foi escalado para dar uma aula especial com duração de uma semana sobre autocracia. Percebendo o desinteresse dos alunos em falar sobre o assunto de uma forma repetitiva, ele teve a idéia de mostrar na prática, como funciona um governo fascista.
Durante a semana em que aconteceram as aulas, a cada dia o professor trazia uma noção de disciplina. Rainer foi nomeado líder, para os alunos poderem falar precisavam ficar de pé, só podiam o chamar de senhor Wenger, deram um nome ao movimento, definiram um uniforme e criaram um símbolo. Os alunos passaram a ter um nível de envolvimento altíssimo com o que antes era apenas uma aula e agora passou a ser um enorme movimento que fugiu totalmente do controle de Rainer.
Atitudes típicas de uma ditadura como o menosprezo e a exclusão daqueles que não aderiram ao movimento, o sentimento de superioridade e ações violentas passaram a ser tomadas por esse alunos. E quando o professor se deu conta dos limites que A Onda tinha ultrapassado e tentou interrompê-la, foi tarde demais. O filme, que é baseado em uma história real que aconteceu na Califórnia em 1967, mostra que não é impossível o surgimento de uma nova ditadura. Na Alemanha de 30 e 40 onde Hitler conseguiu o poder, o sentimento de fracasso dos alemães abriu as portas para que o mesmo conseguisse o domínio de todos. Na Alemanha de A Onda, de certa parte, as portas abertas para que o movimento chegasse àquela dimensão também foi o sentimento de fracasso, pela falta de valores, de ideais, de aposta num futuro, de orientação, de base familiar que tinham aqueles adolescentes. E essas faltas foram supridas pelo sentimento de grupo e de ter pelo que lutar imprimidos a esses jovens pelo movimento.