Resenha do estatuto do idoso
Wolter Cenevivo
Se a discussao estabelecida depois do vestibular da Fuvest sobre o livro Dom Cosmurro houvesse dado aten~ao ao lado jurfdico da vida, teria ficado mais claro o adulterio da herofna Capitu. A prova do adulterio,
aceita pelo direito, e o curso jurfdico feito por Bentinho, personagem-autor da obra, em Sao Paulo, durante cinco anos justificam a minha opiniao, ao lado da do Otto Lara Rezende. 0 livro de Machado de Assis come~a sua narrativa em 1857, quando Capitu tinha verdes 14 anos. Dedica tres quartas partes ao perfodo que foi ate 1865, quando ela se casou com Bentinho. Tiveram um filho que era a cara, o corpo, o jeito e o modo de falar de Escobar, amigo dileto e companheiro do marido. Naquele tempo, apenas a esposa cometia o crime de adulterio, condenado com reclusao de tres anos. Em ger al nao havia julgamento, porque o marido matava a mulher (e era absolvido). 0 homem s6 incidia na injuria contra os deveres do casamento se mantivesse concubina permanente. A lei brasileira repetia regras milenares, que, sob desculpa de protegerem a famflia, tratavam diferentemente os conjuges. Hoje o tratamento e igual para os dois sexos, com pena maxima de seis meses Ainda e um erro, pois e ridfculo punir criminalmente uma pessoa pela culpa moral da infidelidade. A prova direta do adulterio e problematica, pela dificuldade de pegar os adulteros nus e na mesma cama (naquilo que os juristas, doidos por um latin6rio, chamam de " solum cum sola, nudum cum nuda in eodem lecto") . Valem as circunstancias. A obra machadiana indica circunstancias muito claras quanto pai faz que nao ve; tomara ele que as coisas corressem de maneira que ..." Jose Dias teria sido mais severo, na experiencia de seus 55 anos, se tivesse sabido da boca oferecida por Capim, ao primeiro beijo, e nos que vieram depois, dando de vontade o que fingia recusar
a personalidade
de Capim e de seu pai. Jose Dias, agregado da famflia de Bentinho, dizia