Resenha do documentário "Ilha das Flores"
O documentário “Ilha das Flores”, de Jorge Furtado produzido em 1989, retrata através de um simples tomate, plantado e colhido, outra realidade, que está ao nosso lado, e que às vezes algumas pessoas ignoram.
Em Ilha das Flores, cidade que fica em Porto Alegre, já não há mais flores, é cercada de água por todos os lados e também lixo, de onde os moradores que “sobrevivem” retiram o "sustento de sua família”. “Sustento” que vem do lixo, cheio de resíduos que fazem mal a saúde, todos os dias dez pessoas têm permissão de atravessar para o lado de dentro da cerca, por lá podem ficar por cinco minutos, pegando restos de comidas que não serviram para os porcos, bichos com “privilégio” de comer o que não serviu para seres humanos, com condições financeiras melhores para escolher seus alimentos.
O documentário mostra através da religião que não é de hoje que seres humanos têm tratamento inferior ao que é oferecido aos bichos, judeus foram massacrados em campos de concentração, forçados a trabalharem como escravos, sem condição alguma de sobrevivência, sem água sem comida sem um mínimo de dignidade.
O capitalismo que sempre gerou desigualdade entre as pessoas é mostrado no filme, de forma ácida e divertida acompanhando a trajetória do tomate, a dona de casa ao comprar o tomate e descartá-lo não imagina que aquele alimento que não serve à sua família, também não serviria aos porcos, e sim às crianças e mulheres da Ilha das Flores.
A desigualdade mostrada e vivida por pessoas que só querem “sobreviver”, é causada por aqueles que não ajudam o próximo, que não conseguem enxergar um palmo à frente de seus narizes, pessoas que preferem jogar no lixo o que poderia servir de alimentos a seus semelhantes, é essa sociedade que busca enriquecimento de qualquer forma, sem lembrar que existe alguém que só quer “sobreviver”.
Samara 1ºD