Resenha direito ao ócio
Lazer ocupa o lugar ambíguo na sociedade contemporânea.
Para uma tradição moralista inspirada em reformadores como Calvino, o ócio é o pai de todos os vícios. É o trabalho que enobrece o homem.
No pólo oposto, vários filósofos defenderam e defendem o ócio como um momento especialmente criativo, que estaria na própria base da civilização ocidental.
Num certo sentido o trabalho invadiu o domínio do lazer, que deve ser a cima de tudo “produtivo”. Para tirar o máximo de proveito do “tempo livre”, é preciso planejá-lo e organizá-lo. É evidente que algo do “livre” se perde nesse processo.
E não é só com conceitos que o trabalho se apropriou do ócio. A invasão também é física. Computadores, telefones celulares e aparelhos de fax destruíram as fronteiras do escritório.
O excesso de estresse é inimigo do bom desempenho. É claro que isso é de fato verdade, mas não é bom que seja só isso.
As coisas nem sempre foram assim. Para os antigos gregos, valia o exato oposto. Aristóteles, na “Política”, escreveu: “O primeiro principio de toda ação é o ócio. Ambos (ação e ócio) são necessários, mas o ócio é melhor do que a ocupação e é o fim em razão do qual esta existe”.
Tanto para os gregos como para os latinos, o ócio é o valor positivo.
Filósofos como o alemão Josef Pieper, foram ainda mais ao ponto de afirmar que o lazer ao inaugurar a reflexão filosófica, é o fundamento da cultura.
Quando valores da produção começam a invadir a esfera do ócio, existe um problema. Fica abalada a idéia grega de tempo que o individuo destina a si mesmo.
Mais do que um direito, o ócio é pré-quesito da civilização.
OS PROFISSIONAIS DO LAZER E DA CULTURA
Acompanhando as expressivas transformações no universo do trabalho que estão ocorrendo em quase todas as partes do mundo, também o Brasil tem apresentado importantes mudanças de cenário nessa área. Certas profissões encontram-se em nítido declínio, enquanto outras adquirem crescente importância. Atividades