Resenha de "o príncipe" - maquiavel
Por Alan Michel Santiago Nina
Considerado o primeiro pensador da Idade Moderna, Maquiavel dispensa comentários. Seu tratado “O Príncipe” destaca a importância do absolutismo a partir de uma grande ressalva: se, em Dante, por exemplo, o poder do imperador vinha diretamente de Deus (temporal), tal qual o papa (espiritual). Desde a mais remota tradição católica, exemplificada na Bula Unam Sanctorum (Bonifácio VIII), tínhamos a ideia de que todo poder origina do papa. Maquiavel, porém, é enfático, “a origem do poder não é divina, mas se encontra na força” (p.15).
A obra é recheada de passagens clássicas, como as seguintes:
“As crueldades devem ser feitas de uma só vez e não aos poucos, pois as que são praticadas em breve espaço de tempo parecem menos duras e mais depressa são esquecidas. O bem, ao contrário, deve ser feito em pequenas doses, para que o povo o saboreie” (p.18).
Ou ainda no famoso dito “os fins justificam os meios”:
“Faça, pois, um príncipe por vencer e conservar o Estado, que os meios serão sempre tidos como honrosos e dignos de louvor, porque o vulgo é sempre atraído pelas aparências e pelo fato consumado” (p.22).
Vale destacar que o autor está preocupado com a tomada do Estado, seja este despótico, aristocrático ou republicano (este último sendo o mais difícil).
Maquiavel divide os Estados em Repúblicas e Principados (príncipe), sendo que estes últimos podem ser: Hereditários (inteiramente novos ou mistos/anexados) ou Novos.
Os principados hereditários são mais fáceis de assegurar, pois basta manter os costumes. Já os principados mistos esbarram em certa dificuldade (como foi o caso do rei Luís XII da França, cujos erros o fez perder o poder), notadamente o fortalecimento dos estrangeiros e o fato de não ter fundado colônias: “quando alguém torna poderoso o outro, arruína-se, porque aquele poder vem da sua astúcia e da sua força, e uma e outra são suspeitas ao novo poderoso” (p.36).
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