Resenha de "a hora da estrela"
A hora da estrela
A história de Macabéa começa quando o narrador, andando pela rua, percebe o olhar de desespero numa jovem nordestina no meio da multidão. A partir daí, nasce Macabéa, que representa a miséria presente em todas as pessoas. Em uma relação de amor e ódio, Rodrigo S.M. narra a vida dessa moça como tentativa de se livrar da sensação de mal-estar que ela representa e que o contagiava, ao mesmo tempo em que se apieda e se revolta, inclusive se sentindo culpado por viver num padrão mais elevado que a maioria da população, então, para narrar a história ele acredita que deve se colocar no mesmo patamar do qual Macabéa faz parte.
Rodrigo S.M. discute também a limitação da literatura diante da busca existencial. Também ironicamente condena os autores de estilo pretensamente original, que abusam de modismos, de adornos que descaracterizam o poder das palavras, bem como a obsessão pelo rigor formal, pela ortografia impecável.
O narrador conta a história de Macabéa, jovem alagoana de 19 anos que vive no Rio de Janeiro. Órfã, que mal se lembrava dos pais, os quais morreram quando ela era ainda criança. Foi criada por uma tia muito religiosa e moralista, que a castigava com cascudos na cabeça, muitas vezes sem motivo, além de privá-la de sua única paixão: a goiabada com queijo na sobremesa. Assim, depois de uma infância miserável, sem conforto nem amor, Macabéa vai para a cidade grande.
Apesar de ter estudado pouco e não saber escrever direito, Macabéa aprende datilografia e consegue um emprego, no qual recebe menos que o salário mínimo. E divide um quarto de pensão com quatro balconistas de uma loja popular. Macabéa cheirava mal, pois raramente tomava banho. À noite, não dormia direito por causa da tosse persistente, da azia, em virtude do café frio que tomava antes de se deitar e, da fome, que ela disfarçava comendo pedacinhos de papel.
Macabéa distraía-se ouvindo a Rádio Relógio num aparelho emprestado de uma das colegas. A