Resenha de Salve Geral
“O homem nasce bom, o meio o corrompe” – partindo desta premissa defendida por Rousseau podemos analisar o filme “Salve Geral” de Sérgio Resende, que é baseado em fatos reais, ocorridos no dia das mães de 2006, quando os presos receberam induto e aterrorizaram São Paulo, promovendo todo o tipo de violência pela cidade, como uma resposta à transferência de chefes de facções criminais para presídios de segurança máxima no interior do estado.
Lúcia, uma das personagens principais, fica viúva e não dispondo de condições financeiras para manter a si e ao seu filho nos padrões de classe média alta, situação de que antes gozavam, se muda com o filho para um bairro modesto de São Paulo. Seu filho, Rafael, no entanto, não aceita a nova condição e, revoltado, acaba por culpar a mãe por estarem nesta situação. Para complicar ainda mais as circunstâncias, Rafael se envolve em um racha e comete um homicídio durante a confusão. É interessante notar que neste caso não foi o novo meio que corrompeu Rafael, sua intimidade com o volante e com os outros participantes do racha é um indício de que ele já praticava este tipo de delito (a convivência com a classe média alta já o havia corrompido) – podemos, assim, inferir uma crítica à forma como os pais vêm educando (ou deseducando) os seus filhos, como a falta de limites é uma verdade na realidade atual e o tipo de prejuízos que ela pode acarretar. A partir deste episódio, a vida de Lúcia se volta a uma busca incessante para absolver seu filho, busca essa que corrompe seus valores, que lhe coloca em uma situação antitética entre legalidade e poder e que nos permite vislumbrar o decadente estado do sistema judiciário Brasileiro.
Trasímaco defende veementemente na “República” que “justiça” nada mais é do que a “conveniência do mais forte; fazer o que é de interesse do mais forte” e é sob essa perspectiva que o sistema