Resenha de capítulo atlântico negro
Departamento de Ciências Humanas – DCH
Curso: Licenciatura em História
Disciplina: Diáspora Africana
Discente: Sheila Feitosa Biset
Docente: Ivaldo Marciano
GILROY, Paul. O Atlântico Negro: modernidade e dupla consciência. In: Uma história para não se passar adiante: A memória viva e o sublime escravo. Rio de Janeiro: 34/Universidade Cândido Mendes, 2002. p.351 – 416.
Em geral, o livro abre possibilidades para o estudo das culturas e identidades negras no Brasil. O objetivo do autor ao escrever o último capítulo é “repensar o conceito de tradição de forma que ele não possa mais funcionar como pólo oposto da modernidade” (p. 352). Gilroy aqui inicia uma discussão crítica do afrocentrismo, pois, para os autores que ele cita na obra, o mundo moderno representa uma ruptura com o passado.
O autor também discute sobre a relação entre escravidão e modernidade. Tudo que ele espera é que os negros sejam percebidos como agentes, pessoas com capacidades cognitivas e com uma história intelectual, uma vez que o racismo moderno nega tais atributos.
Outra aspiração do autor é repudiar as noções de pureza racial e mostrar que a escravidão e a visão do negro como anti-racial, desde o início, foram parte do pensamento ocidental. Gilroy mostra que as culturas negras na África e na diáspora nunca viveram hermeticamente fechadas em si mesmas e nem são grupos homogêneos sem divisões internas de gêneros e classe. A história de hibridação e mesclagem desaponta o desejo de pureza racial acalentado pelo afrocentrismo e pelo eurocentrismo. A obra ainda busca explorar as relações entre raça, nação, nacionalidade e etnia, para colocar em xeque o mito da identidade étnica e da unidade nacional.
Gilroy acompanha a biografia e a produção literária de alguns escritores negros norte-americanos, ícones do nacionalismo negro, e acentua a importância para a construção do pensamento de cada um deles, da associação de uma vivência pessoal da