Resenha das 3 primeiras Meditações de Descartes
São seis as famosas Meditações (1641) elaboradas por Descartes. Sua motivação principal era tentar responder as duas questões fundamentais que não permitiam ao senso comum e a filosofia dobrarem os céticos: provar a existência de Deus e a imortalidade da alma. Para resolver essas dificuldades, o método cartesiano, desenvolvido para ser aplicado às ciências naturais, também poderia ser usado na investigação desses assuntos. Na demonstração adotada, ultrapassa-se a certeza e evidência da Geometria e liberta-se dos preconceitos provocados pelos sentidos, dando provas da existência de Deus e da diferença entre corpo e alma, de modo exato e indubitável.
Na primeira meditação, a dúvida geral liberta o pensamento dos pré-julgamentos do senso comum e prepara o caminho para o espírito desligar-se dos sentidos, impedindo que haja qualquer dúvida após o estabelecimento da verdade. Na segunda, o espírito descobre que não pode duvidar de si mesmo, por mais radical que seja a dúvida. Aqui, são expostos os conceitos dos quais se tirarão as conclusões que serão verificadas até a quarta meditação. Enquanto isso, cumpre distinguir parte da natureza corpórea; constatar que o espírito é diferente do corpo e que a alma é indivisível. Tais pressuposições, entretanto, dependem de um explicação física que Descartes realizou em outra obra: “Traité du Monde et de la Lumiére” (Tratado do Mundo e da Luz), que só foi publicado depois de sua morte, por medo de uma condenação, como a sofrida por Galileu Galilei (1564-1691). A natureza substancial, no entanto, depende de um Deus que garanta sua existência e permanência. O corpo é composto por acidentes, mas a alma, ao contrário, é pura substância, não sendo afetada pelos desejos(2).
Na terceira meditação, Deus é apontado como o autor da ideia de causa perfeita existente em nós, sendo a causa da própria ideia de Deus. A quarta meditação põe claramente que as coisas concebidas pelo método são verdadeiras e