Resenha Crítica: o que é Cidade?
“O que é Cidade” (editora Brasiliense,1988, 86 páginas) da urbanista Raquel Rolnik traz um conjunto de ideias que ilustram o processo de formação e transformação da cidade ao longo da história e sua atual condição. São pautadas, além disso, a desigualdade relacionada à segregação urbana e a má distribuição fundiária. Com a exposição de tais fatos, a autora nos permite estabelecer relações sobre as condições sociais, econômicas e políticas nesses centros urbanos que tanto consideramos o ápice do progresso.
Ao falar do processo de formação das cidades, a Rolnik vê a necessidade de discorrer além das metrópoles do século XXI, pois conhecer as cidades antigas nos permite entender a situação das atuais. De tal forma, o livro referencia cidades diversas para apontar o que essas tem em comum. A cidade como centro de produção e consumo é uma ideia moderna, que não condiz com a condição urbana da antiguidade clássica e idade média.
A analogia “um imã, um campo magnético que atrai, reúne e concentra os homens” coube para caracterizar o processo de formação e expansão da cidade, seja ela do século XVI ou do XXI. Na primeira parte do livro, a autora ressalta que morar em uma cidade é inerente a vivência coletiva, onde há a necessidade de organização política da vida pública na cidade.
A expansão do caráter mercantil do centro urbano também é foco do discurso de Rolnik, é nessa organização que se constitui uma divisão do trabalho entre cidades, o surgimento do comercio no período medieval foi o que colocou em xeque o modelo feudal e abriu as portas para organizações urbanas.
Após isso, a Revolução Industrial deu um novo caráter as cidades, pois tornou-as mais atrativas e promoveu uma intensa migração. A organização sociopolítica atrelada ao desenvolvimento econômico sempre estiveram intimamente relacionados a expansão das cidades e é na segunda parte do livro que a autora discorre sobre o sistema capitalista e o modelo burguês de cidade