Resenha Crítica de Fama e Anonimato

Olhares anônimos da realidade

O livro “Fama e Anonimato”, de Gay Talese, é a primeira obra do chamado Jornalismo Literário, que consiste em uma narração riquíssima em detalhes misturados com o jornalismo real. A obra é uma verdadeira convergência de perfis – sejam de pessoas anônimas ou famosas – e de arquiteturas da cidade de Nova York.
Talese descreve a realidade de maneira neutra, com dados reais obtidos através de uma intensa pesquisa de campo e coleta de dados. Dados esses que muitas vezes aparentam ser desnecessários – como os 8485 telefonistas da cidade americana na década de 60 -, mas que, na verdade, são detalhes importantes que despertam a curiosidade do leitor e ajudam numa melhor compreensão da época em que o livro é escrito. Além disso, o leitor percebe que tudo que está ao seu redor pode ter um ponto de vista interessante e que pode ser descrito em palavras.
O livro é dividido em três partes. A primeira delas, “Nova York: a jornada de um serendipitoso”, consiste em uma descrição da cidade americana – que vai desde o relato do trânsito e da ponte de George Washington até a grande quantidade de gatos em alguns bairros e de falcões que vigiam a cidade. Há também histórias de pessoas comuns, de seus hábitos e algumas peculiaridades, como exemplifica o seguinte trecho: “Em Nova York, há um passeador de cães profissional nas imediações da East Seventies Streets, um psicólogo de gatos no número 141 da Lexington Avenue e uma senhora baixinha que divide seu apartamento na Forty-Sixth Street com dois pombos que tem pernas de pau" (página 57). Relatos sobre algumas profissões curiosas também são feitas, como o de um senhor cujo trabalho é cheirar carregamentos de feno para cavalos, e cobra por hora. Resumidamente, nesse trecho do livro, pessoas aparentemente anônimas e marginalizadas - que não ganhariam destaque nos jornais - tornam-se protagonistas da obra.
Em “A ponte”, segunda parte do livro, Talese escreve sobre os trabalhadores que constroem