Resenha critica filme olga

922 palavras 4 páginas
Personagens deixam a história e entram na alcova

Diretor do filme imprime uma visão restrita ao casal de revolucionários, retirando todo o caráter político.

Como apontou Jean-Luc Godard há mais de uma década, foi com a “Lista de Schindler”, de Steven Spilberg, que o Holocausto entrou para o cinema como um “parque de diversão da história”. O cineasta lamentava que o americano tivesse reconstruído Auschwitz em Hollywood” e com isso tirado daqueles acontecimentos todo o caráter de ignomínia, sua excepcionalidade como horror do indizível e do irrepresentável pelo cinema. A partir de então, o Holocausto foi banalizado em sua brutalidade pela estética, pela infantilização do tema, pela facilidade sentimental de esquemas dramáticos simplificados. A operação resultaria em estrondoso sucesso comercial. Cinqüenta anos depois do fim da Segunda Guerra, o cinema conseguiu normalizar o Holocausto, domá-lo em suas significações mais profundas e hediondas. Certamente pode-se encontrar alguns pontos em comum entre os procedimentos de Spilberg e o que se pode ver em “Olga”. O filme conta a vida de Olga Benário, que, nos anos 20, como tantas e tantos outros, aderira ao comunismo com a esperança de mudar o mundo, para o qual a experiência da Revolução Russa de 1917 significava uma possibilidade de superar a desigualdade social, o papel secundário e subserviente da mulher, assim como de absorver de modo fraterno diferentes nacionalidades ou credos (como o judaísmo), responsáveis, justamente, por tantos conflitos. Era, antes de tudo, uma revolucionária e foi nesse papel que conheceu Luiz Carlos Prestes. Certos ou errados, esses indivíduos e seus grupos, em seu tempo, pensavam que podiam tornar, com sua ação, o mundo mais justo e humano. Não limitavam seus sonhos à realização na esfera pessoal de sentimentos ou riqueza. Tinham a pretensão de agir em nome daqueles que necessitavam. Nessa trajetória, apaixonam-se, sofrem enormes reveses - pois a revolução que

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