Resenha capitães de areia
AMADO, Jorge. Capitães da Areia; – 103ºed. – Rio de Janeiro: Record, 2001.
Para Jorge Amado, a Baia de Todos os Santos é o cenário da realidade social brasileira. Lá estão representados todos os problemas de sua época e de hoje, daí o caráter sempre atual e o sucesso internacional de suas obras. Um dos romances mais admirados por seus leitores, Capitães da Areia trata da problemática do menor abandonado e das suas conseqüências: a violência, a criminalidade e a prostituição.
O livro conta a historia de cerca de quarenta meninos de todos os matizes, entre nove e dezesseis anos, que habitavam as ruínas de um velho trapiche no cais do porto e que para conseguirem sua sobrevivência realizavam assaltos pela cidade de Salvador. Os seus principais personagens são: o Pedro Bala, um menino de quinze anos, loiro, com uma cicatriz no rosto que era o líder do grupo, uma espécie de pai para os garotos, pois ele era mais ativo, sabia planejar os roubos, trazia nos olhos e na voz a autoridade de chefe; o Professor que lê para os garotos que não sabiam; Gato que com seu jeito malandro acaba conquistando uma prostituta, Dalva; Sem-pernas, o garoto coxo que serve de espião se fingindo órfão desamparado (e numa das casas que vai é bem acolhido, mas trai a família, mesmo sem querer fazê-lo); João Grande, o “negro bom” como diz Pedro Bala; Querido-de-Deus, um capoeirista que é só amigo do grupo; e Pirulito, que tem grande fervor religioso.
Capitães da Areia é um poema em prosa recheado de poesia e temperado com ação, aventura, comédia e drama, este livro foi escrito em 1937, pouco depois da implantação do Estado Novo por Getúlio Vargas.
A obra vem precedida por uma seqüência de reportagens onde é apresentado aos leitores segundo a visão da sociedade, da polícia e da imprensa, como um grupo de menores abandonados que eram marginalizados, aterrorizavam com seus roubos Salvador.
Capitães da Areia é sem dúvida um documento