RESENHA AS TRES ECOLOGIAS 2
O ensaísta francês Félix Guattari coloca em sua obra As três ecologias (1989) ideias e questionamentos ímpares, para uma possível saída do conflito social e suas consequências no meio ambiente. O autor parece utilizar-se da técnica fluxo de consciência, muito apreciado por Clarice Lispector, em que vária ideias são “jogadas” de forma não tão fluída. O linguajar rebuscado ofusca o entendimento mais livre do texto, com citações e termos obscuros, tornando-o contraditório, já que visa atingir a população como um todo. Dito isso, a obra apresenta pontos interessantes, passando por diversos temas e trazendo inúmeras referências, afim de defender um olhar sobre a sociedade e a ecologia.
Citando o caso do polvo, Guattari parece propor uma reorientação da sociedade, pois reconhece a impossibilidade de mudar o sistema atual. Para isso, muitas vezes faz referência a um ideal de passado - que parece não existir - e cunha um termo para explicar e discutir as mazelas da sociedade atual: Ecosofia. Deste modo, tenta entender as interconexões das esferas sociais e ambientais, fazendo um paralelo entre a poluição da natureza e a poluição da mídia e da sociedade.
Suas três ecologias são divididas em social, mental e ambiental. A primeira consiste em reinventar a maneira de ser na sociedade, a segunda propõe reinventar a relação do sujeito com o corpo, expurgando o conformismo da mídia, e, por último, a ecologia ambiental traz a discussão de que os equilíbrios naturais dependerão da intervenção humana.
Claramente um defensor das ideias marxistas, Guaratti faz um dura crítica ao Capitalismo Mundial Integrado, que, segundo o autor, concentra seu poder na produção de signos e de subjetividade por meio do controle da mídia. Essa premissa cria um fator paradoxal, em uma mão se tem indivíduos cada vez mais parecidos em seus comportamentos, na outra, uma massa sem coesão comunitária, em que há isolamento e competitividade. Essa característica das