resenha " As palavras e as coisas de Michel Focault
Neste capítulo (IV-falar), o autor relata sobre a existência da linguagem na idade clássica e que a mesma pode ser considerada soberana, pois as palavras receberam a tarefa e o poder de “representar o pensamento”. A linguagem representa o pensamento como o pensamento se representa a si mesmo. Na idade clássica, nada é dado que não seja dado à representação; mas, por isso mesmo, nenhum signo surge, nenhuma fala se enuncia nenhuma palavra ou nenhuma proposição jamais visa a algum conteúdo senão pelo jogo de uma representação que se põe a distancia de si, se desdobra e se reflete numa outra representação que lhe é equivalente. As representações abrem-se por si mesmas para um espaço que lhes é próprio e cuja nervura interna dá lugar ao sentido, e a linguagem está ai, nessa distância que a representação estabelece consigo mesma. A linguagem clássica está próxima do pensamento que ela é encarregada de manifestar, não é o efeito exterior do pensamento, mas o próprio pensamento.
A partir do século XVII, o renascimento detinha-se diante do fato bruto de que havia linguagem: na espessura do mundo, um grafismo misturado às coisas ou correndo por sob elas; siglas depositadas nos manuscritos ou nas folhas dos livros. Em ultima análise, poder-se-ia dizer que a linguagem clássica não existe. Mas que funciona: toda a sua existência assume lugar no seu papel representativo, a ele se limita com exatidão e acaba por nele esgotar-se. A linguagem não tem mais outro lugar senão a representação, nem outro valor senão em si mesma. Em relação a si mesma, a linguagem do século XVI estava numa postura de perpétuo comentário, sendo que para comentar, é preciso a antecedência absoluta do texto; e inversamente, se o mundo é um entrelaçamento de marcas e de palavras, como falar dele senão sob a forma do comentário?O enigma de uma palavra que uma segunda linguagem deve interpretar foi substituído