resenha: as paixões da alma
Descartes surge aqui como um dos primeiros psicólogos modernos, se não o primeiro, ao esboçar um sistema teórico completo para o funcionamento da personalidade.
Uma das partes mais interessantes sem dúvida é quando o filósofo fala da glândula pineal, que para ele é o ponto do corpo onde a alma está especialmente concentrada.
Um aprendizado à parte que essa leitura trouxe foi essa compreensão de como a filosofia ocidental nasceu e se desenvolveu quase que totalmente na ignorância de sua irmã mais velha, a filosofia oriental.
“As Paixões da Alma" são divididas em três partes; na primeira, Descartes derrama uma quantidade gigantesca de teorias que misturam ciência, certo teor místico e filosofia, o que resulta em uma infinidade de conceitos que, apesar de todo o óbvio poder de argumentação e da força da linha de pensamento de seu autor, hoje em dia se encontram quase que completamente ultrapassados, servindo mesmo como curiosidade e também como forma de entender melhor como se dava o método do filósofo francês. Art.1. O que é paixão em relação a um sujeito é sempre ação a qualquer outro respeito.Nada existe que demonstre com maior clareza as imperfeições das ciências que herdamos dos antigos como aquilo que eles escreveram a respeito das paixões. Apesar de este consistir em um assunto cujo conhecimento foi sempre muito procurado, e não se afigurando um dos mais difíceis, visto que cada indivíduo, sentido-as em si mesmo, não necessitar a natureza, o que os antigos ensinaram sobre elas é tão escasso, e em sua maioria tão pouco aceitável, que a única maneira que tenho para me aproximar da verdade é afastando-me dos caminhos que eles trilharam. Este é o motivo pelo qual serei obrigado a escrever aqui como se tratasse de uma matéria que ninguém antes de mim tivesse abordado; e, para iniciar, considero que tudo quanto se faz ou ocorre de novo é em geral denominado pelos filósofos uma paixão em relação ao sujeito a quem acontece,