Resenha Anjo do Sol
Assunto central de filmes como “Anjos do Sol” (2006) e “Tráfico Humano” (2005), ou tema secundário de produções como, o indicado ao Oscar, “Crash, no limite” (2004) ou o recente “Biutiful” (2010), o tráfico de pessoas é um crime em torno do qual paira uma série de fantasias e lendas urbanas.
Na realidade os casos de tráfico se apresentam de diferentes formas, variando entre situações da mais absoluta brutalidade e histórias em que a vítima se vê enredada por sofisticadíssimas técnicas de engano. Assim, as características deste crime podem se assemelhar àquelas das representações já “consagradas” pelo cinema – onde as vítimas, geralmente, são privadas de liberdade por grilhões, cadeados e trancas; mas também sob roupagens aparentemente mais sutis – e nem por isso menos danosas – nas quais a vítima é convencida de que o modo como vive é o único ou o melhor para se trabalhar fora de seu local de origem.
O fato é que no mundo o tráfico vitima cerca de 2,5 milhões de pessoas a cada ano. Da exploração delas – através da adoção ilegal, escravidão, tráfico de órgãos e exploração sexual – a prática criminosa movimenta uma quantia estimada em US$ 34 bilhões de dólares anuais. Segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), as mulheres representam 66% das vítimas e em 79% dos casos, o tráfico se dá para fins de exploração sexual.
De acordo com Dalila Figueiredo, advogada e assistente social da Associação Brasileira de Defesa da Mulher da Infância e da Juventude (ASBRAD), que é também uma das responsáveis pela implantação do Posto de Atendimento Humanizado a Deportados e Inadmitidos no Aeroporto Internacional de Guarulhos, há situações tão sutis que a própria vítima não reconhece que seus direitos foram violados.
“Se a pessoa não tiver a percepção de que seus direitos foram violados, ela não acha que é trafico. Muitas mulheres que a gente atendeu não se consideravam vítimas. Agora, outra coisa é a questão da