Resenha Alô Amigos

Resenha: Alô Amigos

"With sincere apreciation for the courtesy and cooperation show us by artists, musicians and our many friends of America Latina"¹, assim começa a animação de 42 minutos de duração que traz a primeira incursão dos estúdios Walt Disney a América do Sul.
Sobretudo, num período de ebulição bélica, os estúdios mostram que sempre tiveram um papel sociopolítico importante na história do cinema. Lança em 1 de janeiro de 1943 “Der Fuehrer's Face” (A face do Fuehrer), um curta-metragem de orientação anti-nazista, dirigido por Jack Kinney e estrelado pelo Pato Donald. O curta de 8 minutos segue uma linha orwelliana, e impressiona pela presença aberta de suásticas, e suas menções literais de personalidades como Hirohito, Mussolini e Hitler.
“Alô amigos” é dividido em quatro pequenas histórias e procura, de forma quase documental, apresentar cenários latinos, passeando seus traços artísticos singulares por paisagens e culturas sul-americanas. Fomos de férias com o Pato Donald pelo Lago Titicaca, apresentando o povo peruano e se metendo em confusões com lhamas. Voamos para entregar correspondências com Pedro, um pequeno avião correio pelos céus chilenos. Conhecemos o Gaúcho dos Pampas na atuação do cowboy texano Pateta e por fim desembarcamos no cenário paradisíaco brasileiro. Novamente acompanhados do Pato Donald, encontramos, em sua primeira aparição, o Zé Carioca (Joe Carioca). Natural e morador do Rio de Janeiro - tipicamente brasileiro em seu nascimento, batismo e representação social – encontramos em Zé toda a ginga do samba, toda a malandragem estereotipada do brasileiro e toda cor amazônica que só um papagaio poderia dar.
“Saludos Amigos”, claramente sinaliza uma estratégia de aproximação diplomática com a América do Sul, uma política da boa vizinhança. Não por coincidência, de certo, um dia antes da exibição da première no Rio de Janeiro em 24 de Agosto de 1942, o Brasil declarava guerra contra Alemanha e Itália².

1 – “Com sinceros