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Lições de Método e História
Carlos Henrique Aguiar Serra (*)
FEBVRE, Lucien . Michelet e a Renascença . Tradução de
Renata Maria Parreira Cordeiro - São Paulo, Editora Página
Aberta/Scritta, 1995, 455 pp.
Antes de analisar o livro de Febvre, ressaltamos que a tarefa de escrever sobre este autor é extremamente delicada, posto que o seu estilo é de uma sensibilidade ímpar e as suas idéias, quer sobre Michelet, em particular, quer sobre a História, em geral, são dinâmicas e não podem ser encapsuladas. Mais, Lucien Febvre é um autor no qual não se coloca rótulos. O seu pensamento é contrário a dogmas, à rigidez; enfim, a qualquer espécie de burocratização da cronologia no saber histórico.
É com esta visão flexível, sem dogmas, humanista, que Lucien Febvre direciona seu olhar para o outro grande historiador que é Jules Michelet. O impactante na análise é a delicadeza e generosidade com que aborda o pensamento de Michelet, assim como a própria vida do historiador, responsável pela formulação do conceito de
Renascença.
“Michelet e a Renascença” é um texto que foi redigido e pensado para ser exposto pelo próprio Lucien Febvre. O período: de dezembro de 1942 a abril de 1943, em plena ocupação nazista. O local: o Collège de France. O curso: “A formação do mundo moderno, Michelet e o problema da Renascença”.
Priorizaremos, neste resenha, o estudo do método histórico de Jules
Michelet sob o enfoque analítico de Lucien Febvre. A metodologia de Michelet é o ponto central de seu pensamento e enc ontra em Febvre um notório admirador, que por vezes chega a confundir o leitor devido a tanto entusiasmo. Não se sabe ao certo se Febvre descreve o
(*)
Doutorando em Históra pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Professor de Sociologia da Universidade de
Caxias do Sul (UCS) - RS.
Tempo, Rio de Janeiro, vol. 1, n° 2, 1996, pp. 184-188.
método de Michelet ou se está falando a respeito do seu próprio método. A verdade é que ambos se confundem, se interligam, e se não