RepublicA
Crônica / Aurélio Munhoz
A República Federativa do Facebook
O alto grau de octanagem dos debates confirmam a relevância dos três temas para a sociedade: violência, sexualidade e escândalos públicos por Aurélio Munhoz — publicado 12/02/2014 05:57
Jay Cameron/Flickr
Incendiários debates marcam a vida agitada no universo virtual do Facebook há algumas semanas. Entre tantos, o antagonismo das posições dos usuários sobre a escatologia verbal de Rachel Sheherazade a respeito da agressão da comunidade a um adolescente nas ruas do Rio de Janeiro, o circo de horrores exibido pelas empreiteiras/ clubes de futebol na execução das obras da Copa do
Mundo de 2014, bem como o beijo gay que marcou a última novela da principal emissora de TV do País.
O alto grau de octanagem destes debates e sua amplitude confirmam a relevância dos três temas para a sociedade (violência, sexualidade e escândalos na esfera pública), mas vão muito além disso. Comprovam o inacreditável sucesso da rede social que, com apenas dez anos de existência, é dona de um portfólio formado por um bilhão de almas no planeta e mais de 80 milhões no Brasil. O Facebook é, com toda justiça, a jóia da coroa do mundo virtual. O alto grau de octanagem destes debates e sua amplitude confirmam a relevância dos três temas para a sociedade (violência, sexualidade e escândalos na esfera pública)
É com estas credenciais que o império construído por Mark Zuckerberg se consolida como uma espécie de versão virtual - elevada, porém, à milionésima potência - do Speakers' Corner, o despojado pedaço de chão localizado em uma das muitas curvas do famoso Hyde Park, em Londres.
Lá, postados em banquetas trêmulas de madeira ou em escadinhas de metal, malucos de todos os matizes falam (quase) tudo o que querem a uma platéia 99% interessada em ouvir suas chorumelas, mas apenas 1% disposta a empunhar suas bandeiras.
No Speakers' Corner planetário em que se constitui o FB, o limite é o infinito.