reportagem de um fato social
Carlos Eduardo Fialho e Tatiana Miranda: onde isso vai dar?
12/04/2014 07:39:00
Certos fatos são indícios do estado da disfunção social, o linchamento é um deles. Mais um infrator amarrado e linchado porque cometeu pequenos delitos. A vítima é uma personagem social conhecida, o linchador ainda não. Talvez sejam pessoas indignadas pelos desmandos que desafiam os cidadãos, desrespeitos e ausência do poder público que, em quantidade excessiva, podem transformar alguns indivíduos em agentes da barbárie. Se não tenho garantias como cidadão, pensariam os linchadores, e o poder público não reduz os privilégios dos traficantes de drogas, dos contrabandistas de dinheiro público, da corrupção política e do assaltante que mata por um celular, demonstro minha revolta linchando o “assaltante” que bate as carteiras no bairro. O crime combatido com o crime. Por outro lado, como linchador - bandido travestido de justiceiro - sua consciência subjetiva é atravessada pela certeza da impunidade, como ocorre com outras personagens da nossa sociedade civil. Há alguns dias, vi uma senhora pedir ajuda aos guardas municipais do Parque do Flamengo porque tinha sido assaltada. O assaltante passou andando um pouco mais rápido pelos guardas, atravessou a pista do Aterro e seguiu caminhando sem preocupação, de posse do dinheiro da vítima. O crime aliado à impunidade reconfigurando os valores sociais.
Sociedades sem crimes não existem, tampouco a ocorrência do crime não desestrutura qualquer sociedade. Émile Durkheim, sociólogo francês da segunda metade do século XIX e início do XX, ensinou que a anomia social ocorre quando as instituições que dão sustentação ao funcionamento da sociedade se esgarçam. Dessa forma, o crime é um fato que deve ser tratado pelas instituições que têm essa competência, particularmente a educação, polícia e justiça, preferencialmente nessa ordem! Mas, quando o cidadão acha legítimo linchar o pequeno delinqüente (a freqüência naturaliza o fato) ou