Reportagem Corais Estadão
Cientistas monitoram meros ameaçados na costa do Paraná
19 abril 2015 | 08:00
Reportagem do Estado acompanhou o trabalho de pesquisadores do Projeto Meros do Brasil, incluindo a captura de um peixe de 1,8 metro e 150 kg. Os meros recebem transmissores acústicos que permitem monitorar seus movimentos ao longo da costa, para melhor protegê-los. Espécie está criticamente ameaçada de extinção.
Equipe do Projeto Meros do Brasil puxa para a lancha um mero de 1,8 metros, na costa do Paraná. Foto: Marcio Fernandes/Estadão
Em uma tarde ensolarada de fim de verão, ao largo da costa do Paraná, três pesquisadores e um mergulhador profissional se debruçam sobre o corpo de um peixe do tamanho de um jogador de basquete, estendido no convés da lancha. Com 1 metro e 83 centímetros, o mero é maior do que qualquer um dos seres humanos a sua volta, apressados em tirar medidas, fazer implantes e coletar amostras de sua pele, antes de devolvê-lo ao mar.
Foram necessárias três pessoas, fazendo muita força, para içar o animal de sua toca, no fundo do mar, brigando como um touro na ponta da linha. Os pesquisadores estimam que ele pese cerca de 150 kg. “O maior que já capturamos aqui tinha 220 kg”, conta Matheus Freitas, biólogo marinho e presidente do Instituto Meros do Brasil, que coordena os esforços de pesquisa e monitoramento da espécie na região.
O peixe não está doente, mas a cena de pronto-socorro no barco se justifica. Sua espécie, a Epinephelus itajara, está criticamente ameaçada de extinção no Brasil, segundo a nova “lista vermelha” do Ministério do Meio Ambiente, publicada no fim de 2014.
A costa do Paraná é um dos últimos lugares onde essas garoupas gigantes ainda podem ser encontradas com alguma abundância em águas brasileiras, depois de terem sido quase exterminadas nas décadas de 1980 e 1990. A espécie é protegida por uma moratória federal desde 2002, mas sua