Renascimento
A proposta deste artigo é analisar a atualidade das reflexões de um filósofo medieval do século XIII, Santo Tomás de Aquino. Para compreender o pensamento deste autor, é preciso dialogar com o momento histórico no qual o mesmo foi gestado, especialmente considerar o caráter eminentemente escolástico (1) de sua obra. Ressalte-se ainda que, de modo algum, pretendemos comparar as formulações de Tomás de Aquino, próprias do tempo, com a realidade dos séculos XX e XXI, pois isso seria um anacronismo histórico. Ao contrário, o que procuramos mostrar é o fato de que a formação intelectiva do sujeito é a base de sua subjetivação, isto é, de sua compreensão ética e moral da sociedade. Isso foi válido para o tempo do teólogofilósofo cristão e para nós também, na atualidade.
Assim, este estudo se circunscreve às contribuições de Tomás de Aquino sobre o intelecto e a razão humana, do mesmo modo que à dimensão subjetiva contida nessa discussão. Primeiro, o filósofo tece considerações sobre a relação entre fé e razão, na qual esta passa a ser instrumento importante para conhecer os ensinamentos divinos e, assim, desenvolver sua crença em Deus. Tomás de Aquino concebe a razão como potência de ação que movimenta o homem na busca pela verdade, concepção que repercute em um entendimento do homem como sujeito ativo na busca pelo conhecimento. É importante destacar que a razão passa a desempenhar papel fundamental para a constituição de uma sociedade com leis e instituições mais consistentes e para o desenvolvimento subjetivo do próprio sujeito.
Em um segundo momento, trazemos à baila a dimensão subjetiva do pensamento de Tomás de Aquino. Para tanto, fazemos uso das contribuições teóricas de Deleuze e Guattari (1996) para conceituar o modo como a subjetividade é concebida em nosso estudo. Para esses autores, a subjetividade se constitui por meio de processos de subjetivação agenciados por vetores sociais, psíquicos, artísticos, culturais, econômicos, políticos.