Religião
Capítulo extraído do livro Knots untied, de
John Charles Ryle
1º Bispo da Diocese da Igreja da Inglaterra em Liverpool
Publicado em 1877, republicado em 1900.
O Sacramento da Ceia do Senhor é um assunto da religião cristã que exige um tratamento muito cuidadoso. Eu o abordo com reverência, temor e tremor. Não posso me esquecer de que estou pisando em solo muito delicado. Há muita coisa ligada ao assunto, que é ao mesmo tempo difícil, doloroso e suscita humildade.
É doloroso pensar que uma ordenança estabelecida por Cristo para o nosso benefício tenha sido profanada pelo alarido e fumaça da polêmica teológica. É inegável que nenhuma outra ordenança tenha provocado tamanha polarização e discórdia, e tenha se tornado o motivo de contenda entre os teólogos polêmicos. Tamanha é a corrupção do homem caído que aquilo que foi “ordenado para a nossa paz” tenha se tornado “pedra de tropeço”. Provoca humildade lembrar que homens de opiniões opostas escreveram volumosos compêndios sobre a Ceia do Senhor sem produzir o menor efeito nas opiniões de seus adversários. Livros suficientes para encher carroças e mais carroças foram publicados durante os últimos três séculos e despejados sobre o abismo que separa os contendedores, em vão. Como o Pântano do Desânimo no Peregrino, ainda é um enorme canyon. Não levanto maior prova de que a queda de Adão tenha afetado o entendimento, assim como a vontade do homem, do que o atual estado dividido da cristandade acerca da Ceia do Senhor.
É difícil saber como lidar com tal assunto sem esgotar a paciência dos leitores. É difícil saber o que dizer, e o que deixar por dizer. O campo foi tão completamente esgotado pelas obras de vários mestres em Israel, que é literalmente impossível trazer a lume algo que seja novo. O máximo que posso esperar conseguir é condensar alguns antigos argumentos. Se eu puder sintetizar algumas coisas antigas e apresenta-las aos meus leitores em um formato acessível e