Religiosidade
Adelson Fernando*
O homem que vive na Amazônia brasileira tem como principal prática religiosa o catolicismo. Apesar de ser eminentemente católico, acredita em superstições e crendices que fazem parte do seu cotidiano. Esta religiosidade se expressa através da devoção aos santos católicos e da reunião de diferentes comunidades, em momentos específicos, para celebrarem seus padroeiros. Várias comunidades passam grande parte do ano se preparando para a participação em festas religiosas católicas numa numa demonstração de fé, de agradecimento por benefícios alcançados e renovação dos pedidos que fazem à imagem do santo protetor.
As novenas, o culto, a missa, a quermesse, as festas religiosas, as procissões não se caracterizam apenas por prestarem homenagens a santos do catolicismo, mas também por servirem de momentos de confraternização coletiva entre várias famílias e comunidades.
Certamente são respostas simbólicas às mudanças sociais e ao processo de secularização do sagrado, produzidos pelos novos processos sociais que se realizam na Amazônia; são maneiras de resistir e manter relações e identidades sociais diante de novas práticas e valores sociais. Mesmo sendo um católico, o caboclo amazônico compartilha de uma concepção de universo impregnada de idéias e crenças oriundas da sua ancestralidade ameríndia. Em várias comunidades amazônicas, a ausência da igreja oficial não impedia que os devotos praticassem sua fé; nem significava que eram anti-religiosos. A própria população responsabilizava-se pelas atividades religiosas; as beatas e os beatos constituíam-se importantes líderes religiosos, devotos, "árbitros religiosos e morais" de suas comunidades.
A população vive sua catolicidade ao seu modo. Acreditam que Deus e Cristo são adorados, porém a virgem Maria e os santos têm maior evidência na religião local. O culto aos santos e a organização de irmandades religiosas não são típicas e nem exclusiva da religião do