Ao ver Os Últimos Passos de um Homem faz nos lembrar das Regras da Vida. Ambos mexem com convicções, religiosas ou não, sobre o direito de intervir no fluxo da vida humana. São filmes que incomodam, nos fazem pensar e rever valores. A complexidade não é apenas se você é a favor ou não à pena de morte. Mas, na eterna possibilidade da segunda chance e do perdão. Os Últimos Passos de um Homem não nos traz apenas um condenado a morte e uma freira que pede perdão por ele. Traz vidas complexas que não podem ser julgadas de maneira nenhuma. Quando a freira Helen Prejean, vivida de forma magistral por Susan Sarandon, é designada para ser a guia espiritual de um prisioneiro do corredor da morte, temos o necessário para vários tipos de história. Temos esse homem, vivido por Sean Penn, que não assume seu erro. As famílias das vítimas, cheias de rancor, querendo justiça. A família do réu, principalmente sua mãe, que sofre desesperamente com aquela situação. E a freira com suas convicções religiosas de que toda vida vale a pena e que somos todos filhos de Deus. Matar, não seria mesmo a solução. Apesar de concordar com sua premissa, não podemos condenar também os pais que viram seus filhos serem assassinados de forma tão brutal por querer que a justiça cumpra a lei. Se a pena de morte é ali uma regra, eles têm o direito de solicitá-la. Apesar disso, a argumentação de que não estamos mais na época de exigir dente por dente que a religiosa levanta é também bastante plausível. Todos não teríamos o direito ao perdão? É possível que um assassino se regenere? E matá-lo irá aliviar a dor dos pais saudosos? Vira tudo uma questão de honra dedicada. É na condução desse caso, tentando agradar a todas que a irmã Helen transita e nos leva junto com ela. Admiramos sua coragem e ao mesmo tempo nos sensibilizamos com sua ingenuidade. A relação que ela começa a construir com o condenado Matthew Poncelet é bonita. Por isso falo da mistura de valores que o filme provoca. Racionalmente ele é um