RELAÇÕES HUMANITÁRIAS DIANTE DA INSERÇÃO DE ALUNOS INDÍGENAS NO ESPAÇO ACADÊMICO
Letícia Oliveira Borges*
Bryan Martins Barbosa*
Resumo
O presente trabalho visa compreender a forma com que o universitário não indígena percebe o estudante indígena enquanto construtor de uma identidade valorativa em um ambiente contracultural para o mesmo. Para tanto é importante observar o modo como os não indígenas sentem-se nos espaços coabitados por indígenas do universo acadêmico. Mais especificamente na Universidade Federal de Rio Grande (FURG), instituição de ensino superior e a própria casa do estudante. Visa-se demonstrar a concepção desses estudantes através de levantamento de informações, versando as falas dos indígenas e não indígenas, problematizando as relações humanitárias no interior da universidade.
1) Introdução
No presente trabalho busca-se compreender a forma como o universitário não indígena percebe o estudante indígena e vice-versa, enquanto seres construtores de conhecimentos e singularidades identitárias no espaço universitário e na casa do estudante.
Parte-se da abordagem sobre o significado de identidade e como a mesma pode ser significativa na questão indígena. Carlos Brandão nos explica que:
Entre os psicólogos clínicos e psicanalistas, identidade pode ser um conceito que explica, por exemplo, o sentimento pessoal e a consciência da posse de um eu, de uma realidade individual que a cada um de nós nos torna, diante de outros eus, um sujeito único e que é, ao mesmo tempo, o reconhecimento individual dessa exclusividade. A consciência de minha continuidade em mim mesmo. (BRANDÃO, 1986. p. 37) Ou seja, a lenta imagem que o ser humano projeta sobre si está associada às particularidades reveladas e expressadas pelo conhecimento que o mesmo adquire sobre si mesmo através de noções que brotam de suas mais profundas rememorações sobre o eu diante de outros eus.
Ao nos depararmos com as relações humanitárias diante da inserção dos alunos indígenas